quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

8 - Usina de Belo Monte - dizer "sim" ou "não" não é suficiente

O que é mais importante,
a usina ou a floresta?
Para os ambientalistas, a floresta.
Para os desempregados, 
a possibilidade de obter empregos.
A resposta depende de pontos de vista
ao mesmo tempo coletivos e pessoais.
Para mim, 
qualquer discussão como esta 
é inútil 
se não for priorizada a educação.


A questão é bem polêmica. A discussão está em quase todas as redes sociais da internet. É claro que cada um de nós tem o direito de se posicionar a esse respeito como quiser, e todos tem que respeitar esse direito. Mas a questão é muito profunda para ser respondida simplesmente com um "sim" ou um "não". É preciso que as pessoas que queiram se posicionar contra ou a favor estejam bem informadas sobre os problemas prioritários do país, e um dos principais problemas brasileiros - senão o principal - está relacionado ao nível de ensino.
O que o nível de ensino do Brasil tem a ver com a construção ou não da usina que visa gerar energia, ou de qualquer outro tipo de usina? 
Tem tduo a ver. Por um lado, haverá desmatamento de uma grande área florestal, e isto certamente trará consequências ambientais. Por outro, há milhões de desempregados pelo país, e a usina provavelmente gerará empregos para muitas pessoas. Sou a favor da preservação das florestas, mas de nada adianta preservar florestas enquanto muitas famílias vivem em situações financeiras muito difíceis, causadas principalmente pelo alto índice de desemprego de um lado e pela falta de qualificação do outro. Essa falta de qualificação tem como principal motivo as péssimas condições de ensino ainda existentes no país. Para mim, o ideal mesmo seria que o investimento financeiro para a construção da usina fosse destinado para a educação, que é no momento - ou pelo menos deveria ser - a principal prioridade do Brasil. A imprensa tem informado constantemente - e eu e outras pessoas temos repassado essa informação através de minhas postagens nos blogues e nas redes sociais - que  segundo o PISA, o instituto de pesquisa educacional de maior credibilidade internacional, o nível de aprendizagem no Brasil ainda é um dos 20 piores do mundo, com grande número de jovens com até 18 anos de idade sem saber produzir uma redação e interpretar textos. 
Não saber redigir nem interpretar textos é o mesmo que não saber escrever e ler. Portanto, só será possível estamos em condições de pensar em planos que realmente funcionem, seja para a construção de uma usina ou para a preservação ambiental, se houver um nível educacional mais eficaz. O mais importante não é simplesmente preservar as florestas, mas principalmente saber utilizar os recursos naturais de forma adequada, e isto só é possível com um bom nível educacional.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

7 - Não se pode evitar problemas ambientais sem resolver problemas sociais


Não é possível desvincular
os problemas ambientais 
dos problemas sociais. 
A sustentabilidade só será possível
através da combinação 
entre o respeito ao meio ambiente
e a 
diminuição das desigualdades sociais.

Já sabemos que a Terra (o planeta) é a fonte dos principais recursos necessários à nossa sobrevivência. Por isto, a realização de uma atividade econômica, qualquer que seja, não deve visar apenas lucro em dinheiro e outros bens materiais, embora estes sejam necessários a uma vida digna. O principal objetivo das atividades profissionais - e, portanto, econômicas - é a transformação de recursos naturais para a realização de negócios dentro de limites que garantam a sustentabilidade.
Quando pensamos em sustentabilidade, estamos pensando no futuro da humanidade. Não apenas no que poderá ocorrer nos próximos 100 anos ou dois mil anos, mas no que poderá ocorrer também no mês que vem. Quando você pensa em sustentabilidade, você pensa em seu próprio futuro - pois o seu futuro, assim como o de todo mundo, depende muito de você mesmo, de todas as outras pessoas e do bem estar de todo o planeta. Portanto, depende muito da realização responsável das atividades econômicas de todos. 
Tanto o bem estar coletivo como o individual resultam de uma interdependência entre os sistemas sociais, ambientais e econômicos. Como todos nós dependemos muito dos recursos naturais, não podemos esquecer que a Terra é um sistema fechado. Isto significa que, como tudo que existe, todos os recursos que nosso planeta nos oferece tem seus limites. Entretanto, de nada adianta pensarmos em utilização correta desses recursos sem pensarmos nos problemas causados pelas desigualdades sociais, e este é exatamente um dos principais problemas de países como o Brasil.
Segundo as pesquisas internacionais mais recentes, apenas sete países no mundo tem desigualdades sociais mais graves que as do Brasil: Namíbia, Lesoto, Botsuana, República Centro-Africana, Suazilândia e Guatemala, cujos índices de pobreza são mais elevados do que os do Brasil. A relação entre o Produto Interno Bruto (PIB) médio dos países industrializados e o dos países pobres, que em 1976 era de 13 para 1, atualmente é de 20 para 1. Os resultados disso são evidentes: o crescente número de pessoas que saem dos países pobres ou "em desenvolvimento" (como o Brasil) na esperança de viver melhor nos países ricos, mesmo ingressando nesses países através da clandestinidade. Crescem também os índices de violência - o que não é ma exclusividade dos países pobres. 
Esses dados são tão graves que o Banco Mundial já registrou que, somente na Índia, quase metade das crianças do país tem problemas de desnutrição. Em termos continentais, os maiores índices de desnutrição são registrados no sul da Ásia e nos países africanos situados abaixo do deserto de Saara. No Brasil, a situação não é tão grave assim, mas é grave. Segundo o IBGE, 7,7% da população brasileira - isto é, cerca de 14 milhões de pessoas - passaram fome por pelo menos um dia em 2004. 
Esses problemas são agravados pelas relações de trabalho. No Brasil, continuam sendo descobertos e confirmados, vez por outra, casos de trabalho realizado em regime semelhante ao de escravidão, principalmente nos estados amazônicos como o Pará e o Mato Grosso. Entre as pessoas que trabalham nessas condições, encontram-se até mesmo adolescentes e crianças. São vítimas de um trabalho forçado realizado sob a ameaça de punições severas e até mesmo brutais em caso de desobediência.
O trabalho forçado tem vários tipos de relações. As mais comuns podem ser o tráfico de pessoas, punições por expressar opiniões políticas, etc. Estima-se que 12,3 milhões de pessoas no mundo ainda sejam vítimas de trabalhos forçados. No Brasil, a estimativa é de 25 mil. O problema no Brasil tem diminuído desde março de 2003, quando foi implantado o Plano Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, mas o problema ainda existe.